Quando era ainda bem pequena, desenvolvi o que minha mãe chama de "afeto por coisas" - de levar o pote de sucrilhos ao colégio a fingir que meus cadernos eram pássaros. Ainda hoje tenho meus momentos de interação com objetos inanimados, mas o afeto esfria com o tempo, ces't la via.
Em meu banheiro havia um tapete terracota com marcas de pés de criança em baixo-relevo, e eu seguia uma rotina: todos os dias, após tomar banho, não pisava no chão do banheiro e encaixava meus pés diretamente no tapete. O tapete parecia feito sob medida, divertia-me muito observar que o tamanho dos pés (os do tapete e os meus) eram iguais e não foram poucas as vezes em que saí andando pela casa, arrastando-o orgulhosa.Após alguns anos, porém, o tapete já não me "servia" mais. Disseram que tudo bem, aquilo significava o crescimento, que já estava grande e que poderia pisar no chão de vez em quando, mas o tapete com minhas pegadas sempre estaria lá, lembrando que algum dia dois pés já se encaixaram lá e mesmo que não coubesse, ainda poderia usar o tapete.
Ontem fui procurá-lo (o tapete) e descalça encontrei nos fundos da casa, junto a uma maleta de pincéis, um pano de chão sujo e rasgado com pegadas em baixo-relevo.
9 comentários:
MÉO DÉOS, seu pé já foi menor!
Não nasci calçando um adidas nº40, como um certo alguém.
DEUSOLIVRE sorte que meu pé não é 40
oi !
eu chorei. que semana mais nostálgica será essa.
Foi bonito, isso.
andré, é você?
eu chorei. que semana mais nostálgica será essa.[2]
Ah, é, de vez em quando, a gente sai caçando coisas que foram/são importantes pra nossa vida, e ás vezes isso dá uma sensação tããão boa...
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