terça-feira, 17 de março de 2009

Sobre os anos...[3]



Quando eu morava em Umuarama, os Domingos eram considerados um dia santo, dia de rodar 27 Km em direção a casa da vovó comer frango assado, pão caseiro, balinhas de caramelo e com sorte, encontrar os primos que moravam longe - Maringá - para passar o dia brincando de colocar carretéis de linha vazios nos dedos, brincar de polícia e ladrão, brincar na lama do quintal fazendo bolinhos de terra cobertos com folhinhas, e as famosas guerrinhas de mamona(estas vendidas pelo Zé a R$0,25 na escolinha, malandro).


A guerrinha iniciava-se logo depois do almoço, consistia em dez minutos para passear pelas estradinhas de terra de Cruzeiro do Oeste em busca de pés carregados das malignas bolinhas verdes, e depois voltar para a frente da casinha de madeira da começar a tortura, sendo que eu sempre levava a pior, mas eu não ligava e ficava lá apanhando.
Porém, só ficávamos satisfeitos se íamos para a chácara prolongar a brincadeira, a guerra com laranjas podres, brincar com os porquinhos, com as vaquinhas, andar de cavalo, pegar jabuticaba, acerola e ficar igual boba pegando algodão e tirando os carocinhos pra depois jogar tudo fora.Voltavamos imundos para casa, e agora a brincadeira era se esconder do banho gelado.

Os anos passaram, fins de semanas em família passaram, tardes de carroça, no pesqueiro, na jabuticabeira, na lama, na terra, na chuva, no jardim, o tempo passou.

Por mais que agora more em Maringá, "a cidade dos primos", parece que a distância aumentou ainda mais, é cada vez mais difícil reunir a família. Tardes em Cruzeiro são monótonas, todo mundo na frente da TV, todo mundo com nojinho.
O tempo era nossa distância.




Ps: eu não morava na roça

3 comentários:

Guilherme ... disse...

Porventura há de a distância aproximar.

Giovana Lago disse...

Já morei em Cruzeiro e nasci em Umuarama. Pois bem, eu sei bem como é, ou melhor, como era bom.

Podanoscki, A. disse...

O Zé ainda usa bermudas com elástico, afinal.