segunda-feira, 16 de março de 2009

Sobre os anos...[2]

Quando eu era pequena, minha família procedia da mesma forma todo fim de tarde: íamos todos pra casa do meu avô, aonde ele passava o café, conversava com o meu pai, me ensinava astronomia e a desenhar. Eu comia os doces que a minha avó me dava escondido da minha mãe, brincava de casinha no fundo do quintal, roubando artigos da cozinha pra colocar em uma geladeira que só era usada pras bebidas em dias de festa. Era lá que comemoravam os dias de meus anos, que eu brincava com meus irmãos e que eu dormia no colo do meu pai. O tempo passava vagaroso e me fazia cócegas enquanto eu me divertia e me contentava com pouco. Quando meu avô morreu as reuniões familiares acabaram-se. Alugaram a casa e não tem mais os cafés nos fins de tarde já há um bom tempo. Ao perceber que tudo aquilo que me fazia tão bem fora interrompido e que nunca mais voltaria, desandei a chorar e a me perguntar se eu realmente aproveitei bem. Estancar no tempo seria a melhor opção, afinal, eu estaria o mais próximo possível daquela infância. Enfim meu pai me consolou dizendo que eu não precisava crescer. E eu acredito piamente nisso.

3 comentários:

Giovana Lago disse...

tô chorando muito com essas nostalgias.

Podanoscki, A. disse...

Me vê uma passagem de ida pra Terra do Nunca, Peter.

Ana disse...

é pra já.