domingo, 21 de junho de 2009

FILO 2009

É sempre difícil tentar discorrer sobre uma peça, um show ou algum espetáculo, porque nunca é possível expressar tudo o que foi visto. Em primeiro lugar porque é uma impressão individual, em segundo lugar porque a memória é falha e em terceiro porque eu não sei escrever bem o suficiente pra passar tudo o que eu gostaria. Mas de qualquer forma eu vou me esforçar...
A primeira das duas peças aconteceu por volta das 17h15min do dia 23, na Praça Marechal Floriano Peixoto, em Londrina: A Mulher que comeu o mundo.
Não havia muita gente ocupando a arquibancada da pequena arena quando chegaram os atores com figurinos no mínimo muito bem elaborados. Um dos integrantes com um acordéon, outro com um pandeiro e mais um com tambores. Se reuniram no centro da arena e então fez-se silêncio para o começo da peça.
Os personagens mascarados entoavam músicas que contavam a história d'A Mulher que Comeu o Mundo, uma moça mimada pelo pai, um ladrão, que lhe dá de comer o dia inteiro, e que quando o perde (devorando-o com fim de amenizar a dor da morte do pai) fica sozinha no mundo. Um vizinho vem ajudá-la em troca do ouro que ela tem, conseguindo alimento para encher a barriga da moça. Porém, por fim, a comida acaba e mesmo depois de ter comido elementos da platéia, a Gorda acaba comendo aquele que havia lhe ajudado. Antes que se desse por só no mundo novamente, surge uma vaca que passa a lhe fazer companhia. O tempo passa e o estômago da mulher começa a reclamar, levando-a a devorar a adorada vaca. No fim, acaba morrendo drasticamente, não me perguntem o porquê.
Apesar da praça não ter acústica nenhuma, as músicas e as falas eram claras pra quem estava assistindo, além disso todo o espaço era super bem aproveitado...O engraçado é que basicamente dois tipos de peça: um que faz você esquecer dos seus problemas e outro que te incita a pensar sobre eles. Essa era do primeiro tipo, pelo menos pra mim.
Fui parabenizar o elenco que, humildemente, abraçava todos que vinham cumprimentá-los. Conversei rapidamente com o integrante do acordéon e ele me disse que aprendiam apenas as músicas que eram compostas para a peça. Uma outra falou que estava exausta e quase sem voz, fato que me fez ficar abismada, considerando que isso era imperceptível.
Depois nós fomos até o shopping Royal Plaza para comer alguma coisa e uma hora ou duas depois estávamos na frente do Teatro Ouro Verde aonde aconteceria a peça Semianyki, do Teatr Licedei, um grupo russo.
Semianyki fala sobre uma família relativamente desajustada, entretanto comum, retratando situações corriqueiras: "A família sobrevive ao caos e a vida continua". Há cenas tristes como o desaparecimento do pai e nonsenses, como quando a mulher e os quatro filhos apresentam-se como assombrações, não deixando, porém, em nenhum momento, de serem cômicas de certa forma.
Pelo que eu consegui traduzir do livro sobre a peça (adquirido pela fadinha Imi, será postado em breve), o elenco não é todo russo, porém todos tem um histórico admirável em relação à atuação e se não me falha a memória todos fizeram estudos e/ou trabalhos com clowns. Fica o link da filmagem da peça para quem quiser assistir... é possível se sentir nostálgico ou com saudade da sua mamãe em algumas horas.

Le Jeune Prince et la Vérité é uma peça infantil, que aconteceu no teatro Zaqueu de Melo, e apesar de infantil, tem um texto bastante (in)tenso pras crEanças, como pode ser facilmente observado, "embutido" na aparência de teatrinho de bonecos, muito bem manipulados, inclusive. Conta a história de um príncipe que para casar com uma camponesa por quem se apaixonou, precisa encontrar a verdade. Há várias situações by Nasrudin...
Já a peça Congresso Internacional do Medo aconteceu no Teatro Filo. A peça consiste em um congresso aonde pessoas de países imaginários tentam estabelecer alguns conceitos, como morte, vida, medo.
A peça foi inspirada no poema de Carlos Drummond de Andrade, de mesmo nome. Tem um cenário muito simples, figurinos do mesmo porte, teatro-dança e certa graça em algumas partes. Provavelmente 3/4 da platéia chorou e 1/4 da platéia quase chorou no discurso de quem era esperado que falasse coisas das quais riríamos ou no mínimo seria um momento de descontração. Essa foi uma peça na qual eu senti por não ser possível pedir bis no teatro como na música.

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